Sunday, April 03, 2005

Resenha: O Restaurante no Fim do Universo

"€œExiste uma teoria que diz que, se um dia alguém descobrir exatamente para que serve o Universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável. Existe uma segunda teoria que diz que isso já aconteceu."€

O Restaurante no Fim do UniversoÉ com esse capítulo de introdução que Douglas Adams lhe prepara para as diversas pirações de sua verve tresloucada que se seguiram pelo outros capítulos do livro. O Restarurante no Fim do Universo consegue ter um ritmo mais alucinante e vertiginoso que o primeiro volume da série, O Guia do Mochileiro das Galáxias. Num momento lá estão Arthur, Ford, Zhapod, Trilian e o andróide Marvin abordo da nave Coração de Ouro sendo bombardeados por uma dúzia de Canhões Fotrazônicos Megadeath de 30 Destructions de uma nave Vogon, em outro estão calmamente sentados em uma mesa de restaurante tomando seus drinks de Dinamite Pangaláctica enquanto assistem a explosão final do universo, e no momento seguinte encontramos nossos heróis sendo a "€œatração principal"€ de um show do Disaster Area, a banda de rock mais barulhenta de toda a Galáxia.

No primeiro livro, Arthur Dent tomou conhecimento de algumas coisas não muito boas, e de outras piores ainda. Entre as não muito boas está o fato dos humanos serem a terceira raça mais inteligente da Terra, depois dos golfinhos e dos ratos. E entre a piores ainda, o fato de que a Terra é na verdade um gigantesco computador criado pelos ratos (que nada mais são do que uma representação dimensional de uma raça de seres pandimensionais) para descobrir a pergunta para a resposta fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais -€“ só que infelizmente a Terra foi destruída um pouco antes disso ser descoberto. Agora cabe a Arthur, a única "€œparte"€ que sobrou do computador Terra, a missão de descobrir a pergunta referente à questão fundamental.

Enquanto isso Zhapod Beeblebrox parte em busca do homem que rege o universo, mesmo que ele não saiba o porquê de estar fazendo isso, já que ele mesmo tratou de enterrar essa informação em uma seção obscura e inacessível de seus dois cérebros, pois se soubesse, certamente não estaria fazendo.

Nonsense é pouco para descrever este livro. Há passagens que são verdadeiros deleites de ironia e sarcasmo, onde Douglas Adams destila todo seu veneno contra a sociedade e suas instituições políticas. O capítulo 19 onde ele descreve um verbete do Guia do Mochileiro que mostra estatísticas relativas à natureza geossocial do Universo é um bom exemplo disso.

A tradução dessa edição da Sextante de O Restaurante no Fim do Universo caiu um pouco de qualidade em relação ao primeiro volume, mas ainda assim está superior a tradução da edição originalmente publicado pela Brasiliense. No entanto devemos elogiar o trabalho de acabamento dos livros feito pela editora.

O próximos volume só será publicado no ano meio do ano, para aproveitar o lançamento do filme do Mochileiro das Galáxias nos cinemas. Para aqueles que estão ansiosos pra saber a continuação da história, é possível encontrar as edições publicadas pela Brasiliense em sebos. No entanto, pelo bom trabalho que a Sextante vem fazendo, acho que vale a pena esperar. E enquanto isso você podem aproveitar a visão do fim do universo aos goles de uma boa dose de Dinamite Pangaláctica.